Banana em caixas e melhor climatização podem reduzir as perdas da fruta

By acrl-fava on dez 14 in Produção.

 

FRUTAS-FAVA-BANANAS

Em busca de produtos com mais qualidade, empresário investe em novidades para o pós-colheita | Por Naiara Araújo (naiara@sfarming.com.br)


A banana é a segunda fruta mais cultivada no Brasil, com produção estimada em 6,8 milhões de toneladas na safra 2016, atrás somente da laranja, segundo dados do IBGE. O cultivo é popular em todas as regiões do Brasil, mas ainda enfrenta perdas expressivas na fase pós-colheita e o maior problema está justamente nas mãos do consumidor. “A banana é uma fruta sensível e altamente perecível. O manuseio do consumidor machuca a fruta, escurece a casca e faz a banana amadurecer mais rápido”, diz Carlos Fava, bananicultor no Vale do Ribeira, o maior polo produtor de bananas do estado de São Paulo e distribuidor da fruta, com o grupo empresarial que leva seu sobrenome.

 

Bananas Minions

Bananas dos Minions

Para evitar essas perdas, Fava acredita que a banana pode receber tratamento vip e se diferenciar no mercado, algo similar ao que já ocorre com outras frutas, como o melão que é vendido embalado com uma redinha, os morangos e os tomates que vêm em caixinhas ou como as maçãs vendidas em sacolas plásticas. “Vamos lançar as bananas dos Minions, em caixas plásticas. Esse é um conceito novo para a banana, que com certeza vai reduzir muito o manuseio e as perdas”, diz Fava.

 

Nova tecnologia permite inovar no varejo

A embalagem especial, por si só, não será responsável por revolucionar as operações do Grupo Fava. O que está por trás disso é um robusto projeto de climatização, com investimento de R$ 9 milhões em 18 câmaras com tecnologia europeia, com equipamentos importados da Alemanha, Finlândia, Holanda e Itália. A novidade será capaz de modernizar o processo de maturação das frutas. Com isso, a vida útil das bananas será ampliada de cinco para sete dias. “A gente vai ter um grande ganho de qualidade da fruta”, afirma o produtor.

Até então, cada uma das 24 câmaras que o Grupo Fava já possui é regulada de forma manual e individualmente, o que dificulta a tarefa. Enquanto isso, as novas câmaras que vão entrar em operação no fim de agosto possuem sensores que indicam todas as condições do ambiente, como temperatura da fruta, umidade e gases emitidos e absorvidos pela banana.

Com a nova tecnologia, todo o processo será automatizado. As informações coletadas pelos sensores serão compiladas por um software capaz de gerenciar a maturação das bananas. “Teremos uma climatização muito mais precisa. Será uma climatização mais natural, como se o cacho de bananas estivesse ainda no pé da planta”, diz Fava. O produtor conta que, se a câmara estiver com baixa umidade, a fruta murcha, por exemplo. Esse tipo de perda não vai ocorrer nas novas câmaras. “O ambiente terá as condições ideais que a fruta necessita para a maturação e teremos uma banana de melhor qualidade e sabor.”

Toda semana, o Grupo Fava distribui entre 750 a 900 toneladas de banana para redes de supermercado de São Paulo, como o Grupo Pão de Açúcar. Com a nova tecnologia, a capacidade de climatização e distribuição do grupo será elevada em cerca de 50%, então a rede de produtores parceiros, que atualmente é de 30 fornecedores, deve aumentar. Além disso, os negócios do Grupo Fava podem ser expandidos, já que a maior vida útil da banana permite que o produto seja transportado para outros estados.

 

Fazenda modelo

Carlos Fava iniciou sua empreitada no ramo das bananas há quatro décadas, vendendo a fruta de bicicleta em Jundiaí (SP). De lá para cá, o pequeno comerciante se tornou bananicultor e um dos maiores distribuidores da fruta no Brasil. “Como as grandes redes começaram a exigir muita qualidade, eu entrei para a produção para oferecer um produto diferenciado”, conta Fava. Desde 2006, ele produz bananas na Fazenda São Miguel Arcanjo em Miracatu, com um bananal de 200 hectares que se tornou um modelo de sucesso do negócio em São Paulo. “A fazenda serve de referência para os nossos fornecedores”, diz Fava.

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Fazenda São Miguel Arcanjo

O Grupo Fava tem produtividade anual de 50 a 60 toneladas de bananas por hectare, sendo 90% desse total de banana nanica e 10% de banana prata. No ramo da climatização e distribuição, a empresa também trabalha com as bananas maçã, ouro e da terra. As frutas vão acompanhadas por um código que permite rastrear o produto, consultando origem e detalhes da produção, como a aplicação de defensivos.  “As grandes redes estão exigindo rastreabilidade e o produtor que não investir nisso vai ficar para trás”, afirma Fava.

 

Produção inovadora

A empresa investiu numa produção com alta tecnologia. O grande diferencial da fazenda é a estrutura de cabos aéreos que está em 70% da área da lavoura. “O cabo de aço evita danos, atrito e o manuseio da fruta, além de agilizar o transporte dentro da propriedade”, diz Fava.

Os cabos de aço são usados para transportar os cachos de banana colhidos até o packing house, o único local onde as frutas são manuseadas, durante a higienização e seleção das bananas. O packing house, onde atuam 20 dos 180 funcionários do grupo, é uma das exigências para atrair grandes compradores e ter a produção certificada.

Gancho

Gancho do Grupo Fava

Nos locais da lavoura onde não há os cabos aéreos, os cachos são retirados por um caminhão adaptado, que transporta o produto sem ser necessário tocar na fruta. Reduzir o manuseio e as perdas é um lema para o grupo há muitos anos. Isso explica por que Fava foi o inventor dos ganchos especiais para a comercialização de banana. O sistema patenteado é utilizado para que as frutas fiquem expostas em um display nos supermercados em vez de ficar em bancas.

 

Por evitar o manuseio dos consumidores no momento da escolha da fruta, o gancho acaba garantindo bananas com mais qualidade e durabilidade, além de evitar desperdícios.  “Eu sempre lutei para ser diferente e não para ser mais um no mercado. A gente tem que diferenciar o produto”, afirma Fava.

 

Banana

Novo display para a venda de banana

Neste ano, o Grupo Fava desenvolveu novos displays que funcionam como uma vitrine de bananas. O objetivo é melhorar a exposição da fruta no mercado e reduzir ainda mais o manuseio no momento da compra. “O pós-colheita é tudo. Você pode produzir uma banana boa, mas, se não tiver um bom pós-colheita, perde todo o trabalho de um ano feito no campo”, afirma Sérgio Soares Carvalho, administrador do Grupo Fava.

 

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